15 março 2008

PS contra "Piercings"


Título no jornal da noite da Sic.


Parece que os 2000 polícias que foram contratados já vão ter com que se entreter.


Se eu puxar um pouco pela marmita, presumo que esta medida vem incluída numa série de medidas intituladas "Todos de acordo com Ana Paula Bobone".


O plano é este:


15 de Março - decreto-lei proíbe piercings e tatuagens em menores de idade.

30 de Março - decreto-lei proíbe carecas de andar na rua.

15 de Abril - decreto-lei proíbe piercings em mulheres com mais de 50 kilos.

30 de Abril - decreto-lei proíbe o baptismo com nomes que não estejam na bíblia.

15 de Maio - decreto-lei define tamanhos de cabelo por homem e mulher.


e por aí fora até ao último decreto...


Quem não for igual ao modelo nacional de homo-sapiens, publicado no Díario da República, que trás imagem a condizer, uma para sexo masculino outra para o feminino, tem de se retirar das porções habitadas do país e terá de ir viver para as ilhas desertas dos nossos arquipélagos.


Terão 5 anos de aculturação e depois começarão a ser feitas viagens turísticas para visitarmos o maior Jardim Zoológico do Mundo.




Dom Penumbra

é um amigo meu. Rasta, vive em Portugal há 14 anos. Feliz, garante-me que nunca trabalhou um dia desde que cá está.

Diz que tem uma família influente em Angola e que quando está apertado com guito aparece sempre alguém que lhe paga as contas. Verdade ou não, não me interessa. O que me interessa é que ele consegue viver, e não sobreviver, feliz, repito, com muito pouco guito.

E eu, pateta assalariado, (nunca me refiz do utópico amor e uma cabana), olho para o seu estilo de vida com uma certa inveja, inveja esta que se revela completamente antagónica com o meu dia-a-dia mas que me vai alimentando muitas horas de sonho sobre como tudo poderia ser...

No outro lado da barricada encontra-se um senhor de 74 anos que trabalha numa casa de fados ao pé de mim. Está à porta do restaurante e o trabalho dele é sacar estrangeiros para entrarem na casa. Trabalha todos os dias das 8 (não sei bem porquê, mas a verdade é que me cruzo com ele todos os dias à saída de casa) às 23.00. Ganha 15 euros por dia e tem de tomar conta de 3 netos depois do seu único filho ter fugido nem ele sabe para onde. Fica em pé à porta porque o chefe não o quer ver sentado e diz-me que tem de ser. Todos temos de trabalhar e o trabalho dignifica. Com 74 anos ainda consigo fazer o que qualquer miúdo de vinte faz. Esta foi a nossa herança salazarista e de 30 anos de democracia sem dinheiro. Convencemos as pessoas de que a única safa é o trabalho. Que raio de futuro preparamos nós. Netos em casa negligenciados e velhos de sentinela 17 horas por dia.

Se conseguimos enganar as gerações que nos antecederam a fazê-lo, de certeza que as vindouras (esperemo eu) irão mandar este modelo à merda. O problema é que a negligência trás revolta, vingança e tudo o resto. E um modelo à merda e ficamos atolados na merda em que o modelo nos deixou...

Sonho também em promover um encontro entre estes dois representantes de classes. Gostava de convencer o velho a deixar de trabalhar. Gostava que ele percebesse que a melhor forma de criarmos os outros não é através da negligência (na cabeça dele, forçada).

Dom Penumbra Life Style. Fazemos visitas a casa, vamos a casamentos e a baptizados...

Look!
"What?" said Alice, "it's only a purple frog taking his temperature with a golden revolver".

Roubar sem precisar...

...faz bem ao Ioga.

Explico:

O Jumbo, numa tentativa de chegar mais perto dos clientes tem umas caixas automáticas. Uma pessoa chega, com o seu saco de compras e inicia o registo. Até aqui tudo bem, louvado seja a informática e a era da tecnologia.

O único problema é que o "user-friendliness" da coisa é inversamente proporcional ao número de artigos que uma pessoa quer comprar. Sensivelmente a partir do 10º artigo, sempre que uma pessoa passa um código de barras, recebemos a seguinte mensagem - "Tire o produto do saco" - "volte a passar o produto no registo" , "peça ajuda a uma assistente" e por ai fora.

O que é que está a pedir?
Que o querido cliente, mais que tudo das empresas modernas, fidelizado pelo cansaço, meta os produtos no saco, responda à maquina "não me encha o saco" (óbvio aqui, as vantagens de ser brasileiro, venha daí o acordo ortográfico), e vá para casa...

Ora digam lá, não é muito melhor roubar estas instituições de betão quando não precisamos. É que eu lembro-me de quando era miúdo, roubar chocolates e disquettes porque a mesada acabava rápido, e esse "gamanço" não me dava o "thrill" que me dá hoje "gamar" a jumbo. Ainda ontem jantei umas coxas de frango trangénico, adulterado, esteroidizado, formatado de borla...

E é por isso que digo que roubar sem precisar faz me atingir o meu estado zen bem mais rapidamente do que se me andasse ai a desdobrar todo em aulas de ioga...

PS. se todos roubassemos uma coxa por dia ao jumbo de certeza que as nossas mercearias de bairro iriam tornar-se mais competitivas. Demagogia? aos sábados é tão bom...

10 março 2008

Quando o mar bate na rocha... versão swahili

When two elephants fight, the grass suffer; and, when the same two elephants make love, the grass also suffer.

Uma versão um pouco mais completa e fatalista...

ainda sobre o dia da mulher...





08 março 2008

And who wouldn't want this day to end in beauty?

"To become god is merely to be free on this earth, not to serve an immortal being. Above all, of course,it is drawing all the inferences from that painful independence."

Camus, my little pumpkin...

Sobre o Herman José e a sua sexualidade...

...Ele já esteve em todo o lado e até na baixa da banheira.

(eu sei que é baixo mas surgiu-me que nem um relâmpago e não resisti à tentação, enquanto via o seu penacho louro a atravessar a minha televisão)

a ler outros blogues...


bonito é o país onde os senhores polícias nunca deixam de ir às escolas

And now...The walrus and the carpenter

"The time has come," the Walrus said,
"To talk of many things:
Of shoes--and ships--and sealing-wax--
Of cabbages--and kings--
And why the sea is boiling hot--
And whether pigs have wings."

E assim marcham os professores pelas ruas de lisboa... Se tentam falar do que lhes preocupa e logo aparecem os polícias à porta da escola...

Produções Mª de Lurdes Modesto apresentam...

...coming soon to a toilet near you...



I wish I were a chinese plumber!

Porque hoje é dia...



8 de março...

26 fevereiro 2008

Amor inclusivo vs exclusivo

Porque é que:
Alguém que adore cães não gosta, não suporta gatos.
Mas alguém que adore gatos não se importa de ter cães e até nutre alguma simpatia por eles.

Alguém que adore o Porto, não suporta Lisboa.
Mas alguém que adore Lisboa, gosta do Porto.

Alguém que é católico não suporta quem não o seja.
Mas alguém que não o é, gosta de gente católica.

Alguém que gosta de ópera não suporta outros géneros musicais.
Mas alguém que goste de punk rock até pode gostar de ópera.

Porque estes gostos foram sempre associados a um certo iluminismo, uma superioridade que faz parte do próprio gosto em si. Um tradicional chefe de família que vai à missa aos domingos, vai com os seus cães à caça e ouve ópera enquanto bebe vinho do porto, sente-se bem não pelos gostos que tem per si mas por aquilo que eles representam, enquanto que um maricas que tem um gato em casa não acredita em deus e ouve punk rock fá-lo, não por ter sido colocado na escala superior de diferenciação social desde pequeno, nem por lhe ter sido vendido um estilo de vida respeitável, mas precisamente porque quebrou com esse estigma e procurou aquilo que realmente gosta...

Mas é claro que há pessoas que têm cães e que gostam de gatos... só que esse não é o comportamento esperado!

Resumindo, o gosto está em ser melhor que o outro, viver melhor que o outro e por aí fora. É triste que os gostos da maioria se definam com base na competição, no ser melhor pois instigam o ódio o separatismo e a incubação da diferença.

Agora percebo porque é que um branco odeia um negro mas um negro não odeia um branco...

Não me macem, por amor de Deus!

Queriam-me casado, fútil, quotidiano e tributável?
Queriam-me o contrário disto, o contrário de qualquer coisa?
Se eu fosse outra pessoa, fazia-lhes, a todos, a vontade.
Assim, como sou, tenham paciência!
Vão para o diabo sem mim,
Ou deixem-me ir sozinho para o diabo!
Para que havemos de ir juntos?

Pessoa

A obrigação de sermos todos iguais torna-nos mais geriveis... Uma estatística, um número redondo...

Monsieur Verdoux

Despair is a narcotic. It lulls the mind into indifference.

Charlie Chaplin a dar início ao movimento punk londrino...

24 fevereiro 2008

If

If crocodiles had wings would they be angels?

And if angels had teeth who would be their dentist?

Not by Rudyard Kipling

Weekend sketch

E eis que chega Johnny Upright, com a cidade monstruosa a persegui-lo. Como por magia, aparecem partes de casa para alugar, constrói-se nos jardins, as moradias são divididas e subdivididas em apartamentos, e o manto negro de Londres engole tudo numa mortalha sebenta.

A vida humana numa grande metrópole, é quase sempre desprovida de naturalidade, mas a vida de Londres é tão pouco natural que o operário normal, seja homem ou mulher, não consegue resistir: sucumbem arruinados, de corpo e alma, pelas terríveis influências a que estão continuamente sujeitos. As energias mentais e físicas são destruídas e o bom trabalhador, acabado de chegar da terra de origem, transforma-se, logo na primeira geração citadina, num mau operário. Depois, numa segunda fase, perde toda a força vital, o espírito de iniciaitva, e fica incapaz para o desempenho de tarefas que o pai executava: está então maduro para mergulhar, destroçado, no fundo do Abismo.

Jack London in O Povo do Abismo

16 fevereiro 2008

Share a nightmare with me?

he asked the stranger whilst waiting for the late bus home out into the suburbs...

É fácil morrer num país pequeno...

She waited, languid and lonely by the slanted door. She wanted to know, she needed to know, she had other plans for her future...
Staring without lonely eyes she knew her blood was still. She only skimmed through sensations, she wasn´t alive. It was deeper than mere truth, further than god, lodged in a tiny dna sequence somewhere lost inside her. The ability she now saw in living came with him, in her eyes he had gone beyond. He lived according to his own particular law. It all started and ended in himself. No world existed, only a sum of individual beliefs. No rule, no law, no society. He travelled through life according to what moved him. He was big. She liked that. She liked the image of lying in bed with her head on his stomach listening to his and his stomachs ramblings.

AAAAAARRRRRRRRRGHHHHHHHH................. YAAAAAAAAAAAAAAAA...........

...he shouted in the middle of his thoughts as if struggling to find a way out of them. That's how she saw it. For him the more he shouted the deeper he went, the ultimate rebellion, against his own set of logic. He loved loosing control over his mind. And he knew, yes he knew, that he really and utterly let himself go he just might never come back. The thin line that kept him in touch with any tipe of norm was actually very thin. He juggled between remaining a citizen and searching the purity behind it all. The cristal clarity of the meandering of his thoughts sent a gush of blood to his brain. Yelling made him feel closer to freedom. He wanted to be able to shout otherwere. He wanted to be listened. His actual shyness only allowed him to do it under the warmth of a protective body like hers. Under admiration. Her body was his haven. His safe-conduct to madness. Only whilst protected did he feel free. He felt a misfit. A chinaski. A user but not a scavenger of human relations. He did not exhaust others in himself. He surrendered always into the heart of lonely vagrants and only then, after delivering himself into others did he then feel prepared for the kill. Only then could he extract the juice he needed. Only then could he be free.
He loved people more than anything. And it was this extreme love that made him use them vampiresquely until their blood mingled into his and changed their dna sequence...

I'd like to turn you on



Devagarinho que ninguem tem pressa...