26 fevereiro 2008

Amor inclusivo vs exclusivo

Porque é que:
Alguém que adore cães não gosta, não suporta gatos.
Mas alguém que adore gatos não se importa de ter cães e até nutre alguma simpatia por eles.

Alguém que adore o Porto, não suporta Lisboa.
Mas alguém que adore Lisboa, gosta do Porto.

Alguém que é católico não suporta quem não o seja.
Mas alguém que não o é, gosta de gente católica.

Alguém que gosta de ópera não suporta outros géneros musicais.
Mas alguém que goste de punk rock até pode gostar de ópera.

Porque estes gostos foram sempre associados a um certo iluminismo, uma superioridade que faz parte do próprio gosto em si. Um tradicional chefe de família que vai à missa aos domingos, vai com os seus cães à caça e ouve ópera enquanto bebe vinho do porto, sente-se bem não pelos gostos que tem per si mas por aquilo que eles representam, enquanto que um maricas que tem um gato em casa não acredita em deus e ouve punk rock fá-lo, não por ter sido colocado na escala superior de diferenciação social desde pequeno, nem por lhe ter sido vendido um estilo de vida respeitável, mas precisamente porque quebrou com esse estigma e procurou aquilo que realmente gosta...

Mas é claro que há pessoas que têm cães e que gostam de gatos... só que esse não é o comportamento esperado!

Resumindo, o gosto está em ser melhor que o outro, viver melhor que o outro e por aí fora. É triste que os gostos da maioria se definam com base na competição, no ser melhor pois instigam o ódio o separatismo e a incubação da diferença.

Agora percebo porque é que um branco odeia um negro mas um negro não odeia um branco...

Não me macem, por amor de Deus!

Queriam-me casado, fútil, quotidiano e tributável?
Queriam-me o contrário disto, o contrário de qualquer coisa?
Se eu fosse outra pessoa, fazia-lhes, a todos, a vontade.
Assim, como sou, tenham paciência!
Vão para o diabo sem mim,
Ou deixem-me ir sozinho para o diabo!
Para que havemos de ir juntos?

Pessoa

A obrigação de sermos todos iguais torna-nos mais geriveis... Uma estatística, um número redondo...

Monsieur Verdoux

Despair is a narcotic. It lulls the mind into indifference.

Charlie Chaplin a dar início ao movimento punk londrino...

24 fevereiro 2008

If

If crocodiles had wings would they be angels?

And if angels had teeth who would be their dentist?

Not by Rudyard Kipling

Weekend sketch

E eis que chega Johnny Upright, com a cidade monstruosa a persegui-lo. Como por magia, aparecem partes de casa para alugar, constrói-se nos jardins, as moradias são divididas e subdivididas em apartamentos, e o manto negro de Londres engole tudo numa mortalha sebenta.

A vida humana numa grande metrópole, é quase sempre desprovida de naturalidade, mas a vida de Londres é tão pouco natural que o operário normal, seja homem ou mulher, não consegue resistir: sucumbem arruinados, de corpo e alma, pelas terríveis influências a que estão continuamente sujeitos. As energias mentais e físicas são destruídas e o bom trabalhador, acabado de chegar da terra de origem, transforma-se, logo na primeira geração citadina, num mau operário. Depois, numa segunda fase, perde toda a força vital, o espírito de iniciaitva, e fica incapaz para o desempenho de tarefas que o pai executava: está então maduro para mergulhar, destroçado, no fundo do Abismo.

Jack London in O Povo do Abismo

16 fevereiro 2008

Share a nightmare with me?

he asked the stranger whilst waiting for the late bus home out into the suburbs...

É fácil morrer num país pequeno...

She waited, languid and lonely by the slanted door. She wanted to know, she needed to know, she had other plans for her future...
Staring without lonely eyes she knew her blood was still. She only skimmed through sensations, she wasn´t alive. It was deeper than mere truth, further than god, lodged in a tiny dna sequence somewhere lost inside her. The ability she now saw in living came with him, in her eyes he had gone beyond. He lived according to his own particular law. It all started and ended in himself. No world existed, only a sum of individual beliefs. No rule, no law, no society. He travelled through life according to what moved him. He was big. She liked that. She liked the image of lying in bed with her head on his stomach listening to his and his stomachs ramblings.

AAAAAARRRRRRRRRGHHHHHHHH................. YAAAAAAAAAAAAAAAA...........

...he shouted in the middle of his thoughts as if struggling to find a way out of them. That's how she saw it. For him the more he shouted the deeper he went, the ultimate rebellion, against his own set of logic. He loved loosing control over his mind. And he knew, yes he knew, that he really and utterly let himself go he just might never come back. The thin line that kept him in touch with any tipe of norm was actually very thin. He juggled between remaining a citizen and searching the purity behind it all. The cristal clarity of the meandering of his thoughts sent a gush of blood to his brain. Yelling made him feel closer to freedom. He wanted to be able to shout otherwere. He wanted to be listened. His actual shyness only allowed him to do it under the warmth of a protective body like hers. Under admiration. Her body was his haven. His safe-conduct to madness. Only whilst protected did he feel free. He felt a misfit. A chinaski. A user but not a scavenger of human relations. He did not exhaust others in himself. He surrendered always into the heart of lonely vagrants and only then, after delivering himself into others did he then feel prepared for the kill. Only then could he extract the juice he needed. Only then could he be free.
He loved people more than anything. And it was this extreme love that made him use them vampiresquely until their blood mingled into his and changed their dna sequence...

I'd like to turn you on



Devagarinho que ninguem tem pressa...